Os 3



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OY!

Hoje vou falar um pouco de cinema nacional e o escolhido para essa semana foi Os 3 (2011), que se trata exatamente de uma relação a três.

Acho que o brasileiro - generalizando, obviamente – adora falar sobre putaria, diz que tem a mente aberta, e que não tem preconceitos. Mas quando ele se depara com algo que fuja de seus padrões “normais” de vida, acha um absurdo, imoral e indecente.
Alguns podem não saber, mas durante a década de 70 e 80, existia um gênero no cinema chamado Pornochanchada que era conhecido principalmente pelo seu grande conteúdo erótico. Com o tempo este segmento caiu no ostracismo e desde então, vivemos em uma época em que tudo é muito politicamente correto.
Um exemplo claro disso foi a série Aline (2009), adaptada das obras em quadrinho de Adão Iturrusgarai e exibida pela Rede Globo. A protagonista Aline possuía dois namorados: Pedro e Otto. Devido a rejeição do público - que afirmava que o conteúdo feria os bons costumes e a integridade da família - o programa foi cancelado durante a exibição de sua segunda temporada. 

Por isso, penso que este longa é marcado como uma obra bem corajosa e inovadora para o público do nosso país atualmente. Por mais que o tema seja sobre um triângulo amoroso - que já é um assunto bem batido - acho que a ideia foi muito bem executada. Eles conseguiram dissertar sobre essa relação de uma forma bem leve, bonita, descontraída, despretensiosa e deixando a vulgaridade de lado. O filme beira a um ménage à trois bem tímido e comportado o que não é o que se espera de um filme assim.

Confesso que há um bom tempo o cinema brasileiro vem me impressionando e me trazendo boas surpresas e Os 3 (2011) certamente é uma delas.



OS 3: O Brasil está preparado para um Ménage à Trois no cinema?


Os 3
Ano: 2011
Direção: Nando Olival
Roteiro: Nando Olival e Thiago Dottori
Origem: Brasil

É sobre o quê?

Camila (Juliana Schalch), Rafael (Victor Mendes) e Cazé (Gabriel Godoy) são três jovens estudantes que acabaram de se mudar para São Paulo. Eles se encontram no banheiro de uma festa e depois de se conhecerem melhor, decidem morar juntos.

Para que essa relação fosse pacífica e desse certo, foi imposta a regra de que não poderia existir nenhum tipo de relação amorosa ou sexual entre nenhum deles. Mas com o passar do tempo essa regra é quebrada e é quando começa o conflito da história.
No começo é sempre assim, você não consegue distinguir uma cor de outra. Um som grave de um agudo. Nada tem uma forma muito definida. Um pedaço de rosto se confunde com uma nuca tatuada. O cabelo de um se mistura com a orelha de outro (...)

Eu gostei de:

Particularmente eu gosto muito de produções ambientadas em São Paulo. Eu curto esse ar mais urbano e agitado que possuem.
Esta história também se trata de um amor bonito e sincero. Este sentimento é tão honesto que transcende à parte sexual de um triângulo amoroso. A única coisa que realmente importava, é que os três ficassem juntos.

Quando decidem se mudar, a personagem Camila estabelece a regra de que durante os quatro anos da faculdade, não poderia haver nenhuma relação entre eles. Justifica que isso estragaria a convivência conjunta pois um sempre iria sobrar.
E adivinha quem é a primeira pessoa a quebrar essa regra?
- O que vocês estão falando de mim?
- É que nós dois estamos apaixonados por você.
- Sério? Os dois? Então desapaixona.

No trabalho de conclusão de curso da faculdade, eles apresentam um projeto publicitário que consiste em um reality show online em que todos os produtos que as pessoas utilizam na casa estão disponíveis para compra.
No final da apresentação, o representante de uma agência os convida para executar o projeto, sendo eles mesmos os protagonistas do programa.
A princípio eles recusam. Mas sabendo que participar do reality implicaria que ficariam mais tempo juntos, eles acabam aceitando a proposta.

Quando são noticiados de que o programa seria cancelado pela falta de audiência, eles decidem encerrar toda essa loucura de uma forma divertida e do jeito que a relação entre eles começou, com festa.
Maconha vem, bebida vai, e ao ritmo de samba-rock os três dançam juntos e acordam na mesma cama.
Parecia que a gente tinha sido grudado, colado, amarrado. Contrariando todas as leis da física, a gente passou a ocupar o mesmo espaço. Esse espaço, a cada dia que passava, era menor. Mas a única coisa que fazia sentido para nós, eram aqueles momentos em que parecíamos ser um só (...)

Houve um mal entendido. Todos os expectadores acharam que teria rolado um ménage à trois e a audiência do programa subiu. Por causa disso e para tentar segurar o público, eles começam a inventar um falso triângulo amoroso na frente das câmeras - é até engraçada a situação desconfortável em que Cazé e Rafael precisam insinuar uma certa intimidade entre os dois - e passam a interpretar eles mesmos, até as coisas começarem a sair do controle.

Outro elemento interessante é quando a realidade dos personagens se mistura com a ficção e causa até um desconforto pois você não sabe se algumas emoções, palavras e gestos são encenados, ou se são realmente verdadeiros.
E é durante toda essa confusão, que contamos com uma pequena participação de Sofia Reis, filha do Sergio Reis Nando Reis e ex-vj da MTV.

Devo destacar também algumas partes técnicas.
A direção e a trilha sonora são excelentes, mas o que mais me chamou a atenção nesta produção foi sua fotografia. Esta, é de uma beleza incrível, os ângulos das câmeras e as composições são muito bonitas. É perceptível que rolou uma preocupação maior nesta parte e o resultado foi realmente muito bom!
E como uma câmera escondida, ao separar uma parte do todo é que você entende quais são os personagens que farão parte da sua história. 

Eu não gostei:

O início é um pouco forçado e até lembra a série Descolados (2009), exibida pela MTV.
Eles se conhecem na fila do banheiro da festa, aí a personagem principal vira e fala: "E se nós entrarmos juntos?”

QUEM CHAMA DOIS COMPLETOS DESCONHECIDOS PARA MIJAR IR AO BANHEIRO COM VOCÊ?

E depois um deles pega uma câmera, tira uma foto e diz: "Isso é um momento histórico, ou isso acontece na vida de vocês todo dia?"
Não vou nem comentar. Errado, errado, tudo errado....

Várias atuações foram sofríveis. Sério.
Você só releva um pouco porque os personagens possuem muito carisma e com o tempo você esquece isso.

Alguns momentos do roteiro também foram muito mal aproveitados. Sabe aquela hora em que você fica pensando: "Poderia ter acontecido tal coisa aqui, poderia ter sido de tal forma...."?
É um filme bem curto (80 min). Se ele tivesse alguns minutos a mais, talvez essas falhas poderiam ter sido resolvidas.
Você acha que uma pessoa que sabe que está sendo filmada, vai expor sua intimidade?
Tem coisa que de vez em quando não dá para esconder...como um sentimento.


Vale a pena? Vou gostar?

Eu vi muita gente dizendo que é o The Dreamers (2003) brasileiro. Pela temática e talvez a capa justifiquem essa comparação totalmente errada. Então se você está procurando algo do gênero ou um filme sobre triângulo amoroso que contenha putaria, esqueça.

Você também vai se identificar se está passando ou já passou por essa transição da adolescência para a fase adulta. Quando você tem que mudar para uma cidade onde você não conhece ninguém, precisa ter responsabilidade e aprender a se virar sozinho. Mas por outro lado, você sabe que esta será uma das melhores fases da sua vida e é quando você conhece pessoas incríveis e você teme o dia em que tudo aquilo vai acabar.
Além disso, recomendo principalmente por ser uma produção nacional. É um filme bom e acho que nós precisamos perder este preconceito de achar que tudo daqui é ruim e legal é o que vem de fora.

Até a semana que vem!
E naquela noite eu percebi que para ficarmos todos juntos desde o início, só era preciso que eu também rompesse com a nossa única regra.


Trailer




2 comentários:

Hara at: 11 de setembro de 2012 às 20:50 disse...

Não tem graça assim, basicamente tudo que eu ia comentar, tu já falou ali. ):
Mas tem uma coisa ainda que eu não gostei. Achei que toda aquela encenação, principalmente quando eles simplesmente trocam um guri lá por outro, meio forçado.
Mas de fato, me impressionei principalmente com a fotografia... Muito boa, e não estava esperando tudo isso. Abraços para a direção de arte.

Lucas Ka7o at: 16 de setembro de 2012 às 01:10 disse...

HAHAHAH

Mas sim, também achei bem forçado. Esse talvez tenha sido um dos momentos mal aproveitados.
Se eles tivessem feito de outra maneira, poderia ter ficado melhor!

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