Girls, além do feminismo e saltos de NY



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Michael Maia

Uma série baseada numa geração sem perspectivas: Girls.




Lena Dunham tem 26 anos, é roteirista, atriz e cineasta. Sua beleza não é convencional, possui tatuagens no braço, e não é do tipo rockeira quero comer morcego, tem o corte de cabelo curto e é gordinha. Mas, além disto, ela possui dois Globos de Ouro em seu armário, ganhados por Melhor Série de Comédia ou Musical e Melhor Atriz. Com o longa independente Tiny Furniture começou a fazer um pouco de sucesso, mas foi com Girls que os holofotes viraram para ela.

Criadora deste fenômeno do canal HBO, Lena já foi comparada a Woody Allen pela revista Vanity Fair. Precipitado, mas talvez um dia ela seja a versão feminina do cineasta baixinho.
Girls inicia o seu piloto com Hannah Horvath (interpretada por Dunham) recebendo a notícia de seus pais que a partir de agora ela não receberá ajuda financeira deles. Uma cena simples, e convenhamos muito parecida com as de alguns filmes do Woody Allen, como os toques no diálogo e o pequeno clímax logo de início.


Ao longo do episódio conhecemos as outras personagens da série, a melhor amiga de Hanna, Marnie (Allisson Williams), a mais “responsável” que namora o mesmo cara há anos e que não combina com ela (crítica ao comodismo jovial). Para entrar em conflito com Marnie, Lena Dunham criou a personagem Jessa (Jemima Kirke), uma britânica estudante de filosofia encaixando no estereótipo de menina descolada ‘faço o que eu quero’ (o que na primeira temporada já percebemos que estereótipos não são metódicos). E por fim, temos Shoshanna (Zosia Mamet), boba, ingênua, é virgem e na maioria das vezes a que diz as frases mais sensatas, e engraçadas, na série.


Como ela é produzida pela HBO, Girls é muito bem filmada, conseguindo passar o não-glamour que ela pretende. É a vida real na cidade grande que já foi destaque de Carrie, Sam, Miranda e Charlotte, as mulheres fatais de Sex and City.

Assistir Girls e não se identificar é impossível, mesmo que você não seja da faixa etária das personagens, os dramas são comuns de qualquer ser humano. Dificuldades financeiras, a adaptação a mudanças, escolhas erradas, auto-sabotagem e até o freqüente existencialismo da geração. Fato curioso é que as personagens não são redondas com todas as características definidas, elas são multidimensionais, você se vê um pouco em cada uma.

Humor

Como estamos falando de uma série da HBO, é TV A CABO, os roteiristas têm liberdade para inovarem e mostrar cenas que o público convencional não gostará. Então se acalme se você pretende assistir uma comédia estilo sitcom. Pois não é isso padawan, Girls tem um humor peculiar, não é melhor ou pior, é para pessoas que não irão se estranhar em ouvir frases como: Eu queria ter AIDS.

A série vale à pena se você não se importa com episódios curtos, diálogos interessantes com pitadas de humor, enquadramentos e fotografias pouco convencionais. Girls é interessante não só por tratar temas freqüentes na sociedade como normais, nada de tabu, nada de “uau você tem tal doença, vamos chorar o episódio inteiro”. 
Lena Dunham é a porta voz de uma geração, não pode ser a minha ou a sua, mas ela identificou as dificuldades joviais e passou para o papel fugindo do clichê sem parecer clichê.

Ela obedeceu a primeira regra para quem quer escrever histórias: Escrever sobre aquilo que você conheça.

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